O Yoga é uma prática antiga que busca unir o corpo, a mente e o espírito. Uma das partes fundamentais do Yoga é a incorporação dos Niyamas, que são princípios éticos que nos ajudam a melhorar nossa relação com nós mesmos e com o mundo ao nosso redor. Um desses Niyamas é o Tapas, que se concentra na disciplina e na força de vontade.
Você já ouviu falar sobre Tapas? Caso não esteja familiarizado com esse conceito, acompanhe a gente aqui.
Yamas e Niyamas
Tapas é um dos Niyamas, um dos princípios éticos do Yoga. Explicando rapidamente, esses princípios são divididos entre Yamas e Niyamas.
Os Yamas (Ahimsa, Satya, Asteya, Brahmacharya e Aparigraha) são restrições que o Yogi deve respeitar a fim de não causar danos aos outros ou a si mesmo. Por outro lado, os Niyamas são práticas que devemos cultivar em nossa vida interior: Saucha (purificação/limpeza), Santosha (contentamento), Tapas, Svadhyaya (autoestudo) e Ishvara Pranidhana (entrega ao divino).
Esse é um assunto extenso e complexo, mas hoje vamos tratar especificamente de Tapas.
Tapas = Disciplina e Austeridade
Tapas geralmente é traduzido do sânscrito como “disciplina”, ou “austeridade”. Essas palavras, a princípio, podem parecer pouco simpáticas, mas vamos olhar para Tapas um pouco mais de perto. Na verdade, mais do que a impressão de rigidez que essas palavras podem transmitir, Tapas traz uma dimensão espiritual. É a prática do autocontrole para que se alcance um objetivo superior.
Essa autodisciplina é necessária para colher os frutos da sua prática de Yoga frequente, mas também é essencial para diversas outras atividades cotidianas, como manter a casa limpa, cuidar de um pet, estudar ou trabalhar. Basicamente, é a capacidade de ser responsável e cumprir obrigações. E por que cumprimos com tantas obrigações?
Responsabilidade e Obrigações
Porque essas obrigações nos trazem ganhos relevantes: no caso da prática de Yoga, corpo e mente fortes e flexíveis; no exemplo da casa, um ambiente saudável e aconchegante, e assim por diante. Infelizmente, com a nossa cultura atual hiper conectada e com estímulos em excesso, a produtividade tão almejada tornou-se uma sobrecarga. Isso pode ofuscar o brilho da nossa capacidade de realizar pequenas ou grandes coisas, e é aí que entra a beleza de Tapas. Através da sua prática criamos um compromisso genuíno com nós mesmos, o que nos auxilia em momentos de distração e excesso de estímulos.
Sabemos que essa transformação não é fácil, porém, devemos começar aos poucos e escolher práticas que, apesar de desafiadoras, ainda assim possíveis. Aos poucos tudo vai se organizando e começamos a colher os benefícios.
E se nesse período de transição você estiver sentindo uma sensação de esgotamento e quer saber como fazer um Detox geral, separe um tempinho para dar uma olhada nesse outro artigo do Blog aqui.
Minha tradução preferida de Tapas é a de “fogo purificador”: vai arder e ser sofrido, mas haverá uma transformação positiva e saudável. O Yoga baseia-se no mesmo sistema filosófico que embasa o Ayurveda, a medicina indiana. No Ayurveda, existem cinco elementos básicos que compõem todas as coisas da natureza, um deles é o elemento Fogo. Seu arquétipo é o da transformação e geração de energia, e é exatamente isso o que Tapas faz: através da consistência nas suas atividades, você promove essa transformação e energiza sua vida.
Tal qual uma manutenção necessária na cidade, em um automóvel ou em nossas casas, esse Tapas trará princípio um pequeno caos interno acompanhado de desconforto. Em seguida, trará um benefício que poderá nos fazer esquecer as dificuldades enfrentadas. Em vez disso, a lembrança da batalha se mantém, alimentando o sentimento de superação e resiliência e trazendo uma melhora na autoestima de quem se propôs a cumprir com seus objetivos e logrou êxito.
Autodisciplina + Não-Violência
Sendo assim, a autodisciplina de que estamos falando, então, não deveria chegar a provocar uma lesão durante a sua prática, por exemplo. Claro que lesões podem acontecer em qualquer prática física, mas as chances de se lesionar praticando Yoga aumentam quando este sistema filosófico é visto apenas como a prática de ásanas, já que o próprio sistema contém a chave para que os praticantes encontrem o ponto ideal entre esforço e não-violência.
Conclusão
Dessa forma, respeitar os limites do seu corpo é fundamental. Observar os princípios éticos do Yoga, conseguindo conciliá-los, é o que torna um praticante avançado, mais até do que a execução da variação mais avançada de uma postura.
