Se você é um praticante do Yoga, provavelmente já se deparou com alguns dos mantras ou representações de alguns dos deuses e deusas hindus e, possivelmente, já tenha se perguntado qual a relação entre esses conceitos. Ambas as tradições – tanto a filosofia do Yoga quanto à religião Hinduísta tiveram suas origens nos Vedas, há mais de 5000 anos atrás e, dividem muitas das mesmas crenças, cosmologias e práticas espirituais.
Existem muitas deidades hinduístas, mas neste texto falaremos apenas dos deuses e deusas associados ao Yoga – aqueles que são mencionados nos textos védicos sobre o Yoga. São eles: Shiva, Vishnu, Brahma, Ganesha, Durgâ, Lakshmî e Kâlî.
Shiva
Deus da morte e destruição – aquele que destrói o ego e qualquer ilusão de separação. Shiva, Brahma e Vishnu formam uma “trindade”, em que Brahma é o criador do universo, Vishnu preserva-o e Shiva o destrói. Shiva destrói as ilusões, deficiências e ignorância para dar lugar a algo novo, evoluído, melhor.
Shiva é muitas vezes representado como um Yogue de cabelos compridos e o corpo coberto de cinzas – nos lembrando que a existência é material e impermanente. Possui três olhos que representam a lua, o sol e o fogo e, com eles é capaz de ver todas as coisas do passado, presente e futuro. O olho central ou “terceiro olho” está ligado ao fogo cósmico e um único olhar desse olho tem o poder de transformar em cinzas todo o universo.
A serpente que envolve seu pescoço simboliza a energia da Kundalini (energia vital). Da sua cabeça jorra uma água, que simboliza a purificação perpétua (Shiva-a usa para conferir aos devotos a dádiva da libertação espiritual).
A pele de tigre representa o poder, e seus quatro braços expressam o controle que ele tem sobre os quatro pontos cardeais. O tridente representa as três qualidades (gunas) que compõem tudo que existe (sattva, rajas e tamas – luz, movimento e impureza).
Shiva também é associado ao símbolo lingam (falo), que se complementa ao polo feminino yoni (útero, fonte). Juntos, esses dois princípios fazem a vida acontecer, em uma dança movida por consciência e energia.
Vishnu
Deus da Preservação e Sustentação, às vezes referido como o Deus da Paz, ele é a divindade que restaura o equilíbrio e traz de volta a ordem em tempos de dificuldade.
Assim como Shiva, Vishnu muitas vezes é representado com quatro braços, que representam a onipresença e onipotência.
Ao olharmos para Vishnu, vemos: a concha (símbolo da criação), o disco (intelecto ou espírito universal), a flor de lótus (pureza e perfeição), a clava (poder físico) e a cor preta ou azul da pele (que sugere a extensão infinita do éter/espaço).
Diz-se que Vishnu reencarnou várias vezes a fim de reestabelecer a ordem moral (dharma) na Terra. Um de seus avateres, é o conhecido Krishna (“O que Puxa”) – Deus-Homem que orienta Arjuna no Bhagavad-Gîta e em muitas outras partes do Mahâbhârata. A morte de Krishna deu início à era das trevas, na qual ainda estamos e cuja duração total é calculada em alguns milhares de anos.
Os textos ainda mencionam um outro avatar de Vishnu, Kalki (“O Vil”, “O Humilde”) que ainda não encarnou e que virá para destruir este mundo e fundar a nova Era de Ouro, ou Era da Verdade.
Brahma
Brahma é o criador do universo e de todos os seres. É o mais abstrato dos deuses da trindade (Brahma, Vishnu e Shiva). Brahma existe mais nas escrituras do que nos lares e templos – é difícil encontrar um templo dedicado a Brahma.
Ganesha
O Deus Ganesha (“Senhor dos exércitos”), também é conhecido como o “O Removedor de Obstáculos”. Ele possui uma cabeça de elefante e, portanto, associa-se às qualidades deste animal – a inteligência, força, nobreza, sabedoria e empatia.
Ele normalmente é representado segurando uma cesta de doces e com um rato aos pés- a cesta de doces representa a fortuna e as recompensas de se levar uma vida espiritual e o rato, o desejo controlado.
Durga
Deusa que representa a energia cósmica de destruição, em particular que destrói ou anula o ego. Durga protege somente os que seguem o caminho da autotranscedência e todos os demais são alvo de sua ira.
Geralmente é retratada com oito ou dez braços e em suas mãos, segura armas simbólicas. Frequentemente ela aparece cavalgando um leão ou um tigre e matando corajosamente um demônio. Assim como Shiva, ela tem três olhos que tudo podem ver.
Kâlî
Kali é uma personificação da ira de Durga e faz parte de um grupo de dez grandes deusas chamadas “Grandes Sabedorias”. A iconografia, o culto e a mitologia de Kali geralmente a associam não apenas à morte, mas também à sexualidade, à violência e, paradoxalmente, em algumas tradições posteriores, ao amor maternal.
Lakshmî
O aspecto divino benigno é destacado na Deusa Lakshmî. Seu nome deriva da palavra lakshman (“sinal”) e significa “boa sina” ou “boa fortuna”. Lakshmi simboliza a verdadeira riqueza na tradição yogue, que vai muito além das coisas materiais.
Normalmente ela é representada vestindo um sari bordado em vermelho ou dourado, sobre uma flor de lótus. Fontes de moedas de ouro fluem de suas palmas e potes de ouro estão ao seu lado. Seus quatro braços simbolizam a onipresença e onipotência. Ela às vezes é retratada com dois elefantes que simbolizam força e uma coruja que simboliza a percepção espiritual.
Vale mencionar que
Cada Deus Hindu é um aspecto minúsculo do Ser Supremo. Divindades são simplesmente arquétipos usados para representar padrões de pensamentos e comportamentos que estão universalmente presentes nas psiques individuais. Ao invocarmos ou recitarmos mantras para essas Deusas ou Deuses Hindus, estamos nos conectando com suas características e qualidades, e também, com as antigas tradições ligadas ao Yoga.
Boas práticas,